Está fazendo um dia lindo de outono.
A praia estava cheia de
um vento bom, de uma liberdade.
E eu estava só. E naqueles momentos não
precisava de ninguém.
Preciso aprender a não precisar de ninguém.
É difícil,
porque preciso repartir com alguém o que sinto.
O mar estava calmo. Eu também.
Mas à espreita, em suspeita.
Como se essa calma não pudesse durar.
Algo está
sempre por acontecer.
O imprevisto me fascina.
CLARICE LISPECTOR
Em uma Tarde de Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas
ResponderExcluirSobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.
Outono... Rodopiando, as folhas amarelas
Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...
Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,
Visitaste este mar inabitado e morto,
Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,
Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?
A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...
Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!
E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,
E contemplo o lugar por onde te sumiste,
Banhado no clarão nascente do arrebol...
*Olavo Bilac
Helena,obrigada por postar e compartilhar esse poema belíssimo. Tenho certeza que todos que lerem esse poema e outros mais que virão a ser postados, só tem a nos acrescentar culturalmente. Abraço!
ResponderExcluir